quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Pequena Antífona aos Cravos de Abril (Dedicado a memória da Revolução dos Cravos em Portugal, abril de 1975)

E eram as vagas mais cortantes, tão,
Que eu me julgara já morto________
Três vezes o monstrengo urrara audácia e poderio
Os dentes todos do oceano uma bocarra só
De fúria insana a chacoalhar meus ossos
___ Que era o fim do Mar...

Tal fôra
O Fito e o fim
De tantos jovens portugueses
Que deixaram virgens por casar em casa,
E órfãs tantas mães
De tantos filhos...

Mas de outro modo é que não fôra
O mundo português de mar Afora
Havendo em Sagres um juizo de mais templária força
E de certeza Mística:

de não haver maior glória humana
Que esta: a de ofertar ao mar e à morte
o dom da vida, à arte de navegar
A seiva bruta dos corpos
E por fim, se Imperativo

Tecer no fundo do oceano
O último Sono...

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