segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Canção da Manhã

Entre certo  junho  e outro  setembro
mercadores chegam   à  porta  da cidade,
ao canto  do primeiro  pássaro.

Sol  desfaz do  Neguev
manto da neve dormida,
posso  lavar  meu rosto
enquanto  a governanta  prepara  o café,
mesma  água
Irá buscar  beija-flores  no  bosque  em frente,
concede-nos  Senhor  a paz de Simeão
entre  setembro  e entre  junho
e nossas  contas  a esperar  na sala.

Entre  certo  junho e outro  setembro
me sento  à mesa do café,
com duas espadas no bolso. Recordo os filhos do trovão,
sorriem apenas meus olhos:
em Londres neste  momento
o parlamento  estuda sanções
contra  africanos e árabes, imigrantes  presos
por terem  fome e sede de Justiça.

Rogai  por  nós  Virgem Santa
rogai  por  nós  Pecadores
pois  consumimos  petróleo  em nossas mesas de almoço
e  danificamos  o azeite  e o vinho,  chamando  Nosso
todo  o inventário  do Demônio,
e há quinze  instantes morremos
pela  palavra e por  água.

Deus  disse: São estes ossos  caídos
que  hão de vir  pelas esquinas  do  Eufrates?
Então  retornaram  os  Ventos
para dentro  do profeta
que terminou  seu café.

Num certo  junho,
noutro  setembro.
( Iris, de Vincent Van Gogh. Foi pintado apenas um ano antes de sua morte, em 1890)

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